domingo, 30 de maio de 2010

Parte 1 - O início


Eram 4 e meia da manhã e Andres Rockenwolf não conseguia dormir,para ele isso era totalmente casual, estava acostumado a varar as noites sobre seus livros e acompanhado de apenas algum vinho barato, os livros e o vinho eram refúgios para as noites frias e intermináveis que passava em seu quarto pensado sobre milhares de coisas, os pensamentos que o tomavam eram as vezes de tão profunda complexidade, que por varias temporadas ele era dominado por uma cefaléia quase insuportável, que desaparecia gradualmente com tempo .
Nesta madrugada Rockenwolf havia se dedicado a leitura de mais um livro de Nietzsche, após algumas páginas lidas e relidas estava tomado de uma grande comoção por saber da existência de um ser que não negou seu destino , de um homem que foi até o fim para encontrar seu caminho , cavocando nas profundezas de sua alma como um verme na terra, sem se vender a nenhuma doutrina e destruindo todas as morais que pregavam os homens desde a formação das sociedades até a sua época, um homem que era um visionário de um novo mundo livre de religiões e de doutrinas que tornam s homens cárceres dentro de seus corpos. A leitura de Nietzsche tinha que ser lenta, era prazerosa e pesada ao mesmo tempo, o deixava cansado mas cheio de pensamentos que o tornavam livre e que afirmavam as suas diferenças frente aos demais. Quando marcou a página e colocou o livro em cima da pilha de livros que tinha ao lado da cama achou que conseguiria dormir devido ao cansaço causado pela leitura,mas quando deitou-se as idéias não paravam de girar em sua mente, então a onda de sono passou e foi trocada por uma inquietude que o remetia a distintos lugares,pessoas e fatos ocorridos durante toda sua vida.Mas um pensamento em especial habitava seu ser: por que ele se sentia tão estranho em meio as outras pessoas? Ou por que todas as coisas que normalmente faziam os outros felizes,para ele não tinha graça? Seria ele algo diferente da natureza humana?
Então tomado por sua inquietude Rockenwolf levanta-se de um pulo só da cama,e começa a andar de um lado para o outro do quarto, enche um copo com o seu vinho tinto e seco e toma-o em um único gole, parando em frente a janela envidraçada passa a mão pelo vidro para desembaça-lo,olhando para fora pode ver pouca coisa devido a serração que toma as ruas da cidade, é uma madrugada típica do rigoroso inverno sulino,onde a temperatura deve estar entre 4 e 8 graus, de repente avista alguém no outro lado da rua, a sua visão fraca não lhe permite ver bem a pessoa que passa caminhando lentamente pela calçada, mas observa que é uma mulher em um longo sobretudo preto, ele vai rapidamente até a velha escrivaninha e abre a gaveta onde está guardado seu óculos, procura em meio a bagunça e em baixo de alguns papéis encontra-o, colocando o óculos corre novamente até a janela, ainda a tempo de ver por alguns segundos a estranha que passa pela noite, ela é uma mulher muito bela,de estatura mediana, branca como a neve e com longos e negros cabelos escondendo parcialmente o rosto de feições leves e olhos grandes e brilhantes, ela parece submersa em uma profunda meditação que não poderia ser interrompida por nada, seus olhos parecem distantes, onde ninguém e nada poderia chegar, ela carrega apenas um pequeno livreto na mão, Rockenwolf sente-se incomodado com a presença da estranha solitária que de repente desaparece ao fim da quadra. Ele afasta-se da janela pensando em quem deveria ser essa estranha que caminha sozinha pelas ruas a essas horas da madrugada, e em como ela o afetara, fizera-o esquecer todos os pensamentos que o inquietavam momentos atrás e agora somente a imagem dela estava em sua mente, tomado por um novo impulso ele rapidamente coloca seu casaco e sai na rua à procura da mulher, indo até a esquina onde ela sumira ele para mas não avista ninguém, não obstante, corre até o próximo quarteirão mas não encontra-a, ele para frustrado diante o Parque Floresta,que é onde nos fins de semana as pessoas dos arredores costumam ir para passear e levar seus filhos para pegar um sol e brincar, ele observa para dentro do parque mas não vê ninguém, nessas madrugadas frias não é costume haver freqüentadores, então decepcionado volta lentamente pra casa pensando como fora bobo seu ato de sair cortando frio na madrugada atrás de uma mulher desconhecida,e o que falaria se por acaso a alcançasse. Chegando em casa deitara rapidamente, o sol já estava nascendo, outra vez indo dormir ao amanhecer, mas agora o que inquietava sua mente era a estranha ,mas logo caiu no sono.

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