domingo, 30 de maio de 2010

Outras anotações : Destruição de um mundo

Aprender a esquecer, esvaziar a alma de sentimentos antigos, esvaziar a mente, esquecer de si, esquecer do bem e mal que as pessoas e as coisas lhe proporcionaram até agora. Mas isso não seria jogar uma vida inteira fora? Mas que vida fora essa que levara até agora de magoas, farsas, dor, insatisfação contínua, busca sem nunca encontrar? Mas acabando com essa vida não estaria acabando com o meu próprio eu? Não, a resposta é não,das muitas almas que possuímos, posso acabar com as que usei até hoje, pois o meu verdadeiro eu é eterno, posso nega-lo e contrariá-lo,mas não posso destruí-lo. Ele é eterno, nosso caminho do eu é eterno e inexorável. Ele sabe muito mais do que nós podemos imaginar.Então posso destruir meu mundo que ainda serei eu.

Eu sempre fui um escravo de meus sentimentos, das minhas idéias, das minhas loucuras, não vivia para mim, não vivia para sentir o mundo completamente, vivia por elas, vivia preso a um mundo onde precisava procurar o amor idealizado, onde as coisas que encontrava eu tentava modificar e tentava vê-las como eu as idealizava. Tudo deveria ser como eu achava que deveria ser, perfeito para mim, mas as coisas nunca foram perfeitas, as pessoas que estavam aqui eram apenas elas, e não poderiam ser diferentes, não poderiam se transformar por minha causa, mas era o que eu queria, sem me dar conta,ia criando personagens sobre pessoas que não poderiam ser aquilo que eu buscava,mas com o passar do tempo pude ver que nada era real.Vivia em um cárcere de um eu limitado por ideais e egoístas loucuras. Então tive que destruir esse mundo para renascer em outro mundo novo, tive que jogar fora tudo que me prendia a esses vícios, e não foi fácil perder tudo que eu pensava ser o mais fundamental dessa vida, tive que morrer para renascer, andei vagando pelo mundo dos mortos, senti a frieza das profundezas de um inferno particular desconhecido. Flertei com a loucura total mas no momento certo pude quebrar a casca desse novo mundo, abrir os olhos e ver a luz do sol.

Parte 1 - O início


Eram 4 e meia da manhã e Andres Rockenwolf não conseguia dormir,para ele isso era totalmente casual, estava acostumado a varar as noites sobre seus livros e acompanhado de apenas algum vinho barato, os livros e o vinho eram refúgios para as noites frias e intermináveis que passava em seu quarto pensado sobre milhares de coisas, os pensamentos que o tomavam eram as vezes de tão profunda complexidade, que por varias temporadas ele era dominado por uma cefaléia quase insuportável, que desaparecia gradualmente com tempo .
Nesta madrugada Rockenwolf havia se dedicado a leitura de mais um livro de Nietzsche, após algumas páginas lidas e relidas estava tomado de uma grande comoção por saber da existência de um ser que não negou seu destino , de um homem que foi até o fim para encontrar seu caminho , cavocando nas profundezas de sua alma como um verme na terra, sem se vender a nenhuma doutrina e destruindo todas as morais que pregavam os homens desde a formação das sociedades até a sua época, um homem que era um visionário de um novo mundo livre de religiões e de doutrinas que tornam s homens cárceres dentro de seus corpos. A leitura de Nietzsche tinha que ser lenta, era prazerosa e pesada ao mesmo tempo, o deixava cansado mas cheio de pensamentos que o tornavam livre e que afirmavam as suas diferenças frente aos demais. Quando marcou a página e colocou o livro em cima da pilha de livros que tinha ao lado da cama achou que conseguiria dormir devido ao cansaço causado pela leitura,mas quando deitou-se as idéias não paravam de girar em sua mente, então a onda de sono passou e foi trocada por uma inquietude que o remetia a distintos lugares,pessoas e fatos ocorridos durante toda sua vida.Mas um pensamento em especial habitava seu ser: por que ele se sentia tão estranho em meio as outras pessoas? Ou por que todas as coisas que normalmente faziam os outros felizes,para ele não tinha graça? Seria ele algo diferente da natureza humana?
Então tomado por sua inquietude Rockenwolf levanta-se de um pulo só da cama,e começa a andar de um lado para o outro do quarto, enche um copo com o seu vinho tinto e seco e toma-o em um único gole, parando em frente a janela envidraçada passa a mão pelo vidro para desembaça-lo,olhando para fora pode ver pouca coisa devido a serração que toma as ruas da cidade, é uma madrugada típica do rigoroso inverno sulino,onde a temperatura deve estar entre 4 e 8 graus, de repente avista alguém no outro lado da rua, a sua visão fraca não lhe permite ver bem a pessoa que passa caminhando lentamente pela calçada, mas observa que é uma mulher em um longo sobretudo preto, ele vai rapidamente até a velha escrivaninha e abre a gaveta onde está guardado seu óculos, procura em meio a bagunça e em baixo de alguns papéis encontra-o, colocando o óculos corre novamente até a janela, ainda a tempo de ver por alguns segundos a estranha que passa pela noite, ela é uma mulher muito bela,de estatura mediana, branca como a neve e com longos e negros cabelos escondendo parcialmente o rosto de feições leves e olhos grandes e brilhantes, ela parece submersa em uma profunda meditação que não poderia ser interrompida por nada, seus olhos parecem distantes, onde ninguém e nada poderia chegar, ela carrega apenas um pequeno livreto na mão, Rockenwolf sente-se incomodado com a presença da estranha solitária que de repente desaparece ao fim da quadra. Ele afasta-se da janela pensando em quem deveria ser essa estranha que caminha sozinha pelas ruas a essas horas da madrugada, e em como ela o afetara, fizera-o esquecer todos os pensamentos que o inquietavam momentos atrás e agora somente a imagem dela estava em sua mente, tomado por um novo impulso ele rapidamente coloca seu casaco e sai na rua à procura da mulher, indo até a esquina onde ela sumira ele para mas não avista ninguém, não obstante, corre até o próximo quarteirão mas não encontra-a, ele para frustrado diante o Parque Floresta,que é onde nos fins de semana as pessoas dos arredores costumam ir para passear e levar seus filhos para pegar um sol e brincar, ele observa para dentro do parque mas não vê ninguém, nessas madrugadas frias não é costume haver freqüentadores, então decepcionado volta lentamente pra casa pensando como fora bobo seu ato de sair cortando frio na madrugada atrás de uma mulher desconhecida,e o que falaria se por acaso a alcançasse. Chegando em casa deitara rapidamente, o sol já estava nascendo, outra vez indo dormir ao amanhecer, mas agora o que inquietava sua mente era a estranha ,mas logo caiu no sono.

A história de RockenWolf


-->

A história de RockenWolf

-->
Esta é a história de um ser solitário que caminha errante por cidades, vales, montanhas e florestas do novo mundo à procura de seu nicho e de respostas as suas perguntas,como também espera encontrar alguém que possa entender um pouco de sua loucura e insatisfação diante da vida que todos costumam levar. Ele nem sempre esteve sozinho,mas com o passar do tempo cada vez mais era difícil de encontrar seres que compartilhassem suas dúvidas e suas faltas, então foi se tornando um alguém distante demais para seguir levando a vida que tinha junto aos outros e um dia cansado de esperar por algo acontecer, decidiu partir em busca de seu destino, em um caminho sem volta.

PRIMEIRAS ANOTAÇÕES

Cada dia que passava, parecia-me mais claro, que não eu não havia encontrado uma razão de ser imortal, todas as coisas eram casuais e simplesmente chatas. A onde estará a energia?A onde estarão as garotas das canções e as intensas emoções? Seguindo por um caminho de solidão,apesar do amor conhecer,de bons amigos ter,onde estará o que busco? Ou será esta a pergunta errada? Não seria melhor questionar: o que eu busco?
Vivemos de sonhos e ilusões diante uma realidade instantânea. Os sonhos nos levam a lugares que talvez nunca irão existir na vida real,seres que apenas podem habitar devaneios ilusórios nos fazem crer que tudo poderia ser perfeito...Mas quem conhece o que é perfeito? Somos humanos, tendemos a nos equivocar,a magoar, a enganarmos a si próprios,carregamos segredos que talvez ninguém vá descobrir,quem irá revelar o que está além do tudo? Somos feitos para falhar,viemos passar por testes? Mas o que queremos provar? O que precisamos provar? Seria loucura a perfeição, pois o tempo não nos permite errarmos e continuarmos puros,necessitamos renascer das cinzas para reiniciar,e se soubéssemos qual é o erro antes de comete-lo, o que garantiria que iriamos acertar,tudo munda, todo tempo,tantas verdades que já não significam nada.
E a realidade? Ela está aqui, é o que vivemos, é o que estamos vivendo agora, fora a toda ilusão, é o que temos nao mãos e no coração, quem está aqui? Quem pode nos fazer acreditar ou não? A realidade nem sempre é o que sonhamos, quase sempre está longe de ser, é mais parecida com o que estava disponível. Os sonhos nos permitem ignorar razões e tempos, mas a realidade é exata e cruel, feita de escolhas nossas e escolhas feitas por outras pessoas, mas ela pode ser até de um nível bom de satisfação. Você está feliz agora? E daqui um dia? Tudo pode ser ou não. O que está passando dentro da sua cabeça? Suas escolhas são para sempre? Seus erros e pecados deveriam ser cobrados por toda eternidade? Você sabe o que está acontecendo agora na sua vida? É o que você sempre sonhou? Talvez não possa responder isso agora. São tantas coisas girando, que parece ser tudo diferente um segundo depois do outro,igual e desigual.
Voltando à pergunta: o que é que busco? Essa é uma busca talvez sem fim,talvez sem, encontrar ao fim algo satisfatório,talvez se prolongue para sempre,quem sabe?
Pensei que o tempo passava devagar,mas na verdade ele voa,e quando os anos vão passando é preciso se acustumar com alguns fatos: algumas coisas já passaram,pessoas,amores,amigos,fases, e nunca irão retornar,é difícil pensar nisso. Queria que fosse para sempre,queria viver mil vidas, só que ao mesmo tempo...Pois não consigo esquecer nada que passou por mim,está tudo aqui dentro de minha mente e corpo.